Leptospirose

O que é leptospirose?

A leptospirose, também chamada de Mal de Adolf Weil, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira, transmitida para os humanos pela urina de animais infectados, especialmente o rato.

O principal meio de contágio ocorre em enchentes ou inundações, pois a urina do rato se mistura à água. Nesse cenário, qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama contaminada pode contrair a leptospirose, já que a bactéria penetra o organismo pela pele e mucosas.

Segundo o Ministério da Saúde, o número de mortes em casos graves de leptospirose pode chegar a 40%. Condições precárias de infraestrutura e saneamento básico aumentam as chances de uma infestação de roedores infectados, elevando, também, a disseminação da doença.

Em caso de suspeita da doença, é indicado procurar atendimento médico o quanto antes. O uso de antibióticos é feito mesmo quando a infecção ainda não estiver confirmada, com objetivo de evitar complicações e mortes.

Quais são os principais sintomas?

Os principais sintomas da leptospirose podem ser confundidos com outras doenças, como dengue e gripe. Os sinais são separados em duas fases: precoce e tardia.

As manifestações precoces incluem:

• Febre
• Dor de cabeça
• Dor no corpo, principalmente na panturrilha (batata da perna)
• Cansaço
• Náusea
• Vômito
• Diarreia
• Tosse
• Falta de apetite
• Vermelhidão ou hemorragia nos olhos
• Dor ocular
• Fotofobia (sensibilidade à luz)

Esses sintomas iniciais geralmente ocorrem entre 7 e 14 dias após a contaminação pela bactéria, e o período de incubação varia de 1 a 30 dias.

Já a fase tardia marca também um agravamento da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 15% dos pacientes que contraem leptospirose enfrentam uma evolução do quadro, o que ocorre cerca de uma semana após as primeiras manifestações.

Nessas formas mais graves, é possível que o paciente apresente outras condições, como:

• Síndrome de Weil: uma série de três quadros que inclui icterícia, insuficiência renal e hemorragias
• Hemorragias: podem aparecer no pulmão, na pele, em vários outros órgãos, incluindo o cérebro, e em mucosas, como olhos e boca
• Comprometimento do pulmão: inclui sintomas como tosse seca, falta de ar e escarro com sangue
• Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA): condição em que há acúmulo de fluídos no pulmão, dificultando a respiração

Como ocorre a transmissão?

A leptospirose é transmitida pela urina de animais contaminados com a bactéria Leptospira. O rato é o exemplo mais comum, mas outros bichos, como cães, porcos e bois também podem propagar a doença.

Para que a transmissão ocorra, a pessoa precisa ter contato direto ou indireto com a urina do animal. A maneira mais recorrente é por meio de enchentes, porque o xixi do rato, geralmente concentrado em bueiros e no esgoto, se mistura à água da chuva, disseminando a infecção.

Também é possível se contaminar em rios, lagoas e em terrenos baldios que tenham a presença de roedores. Outra forma de contrair a doença é pelo consumo de água ou alimentos contaminados. Veterinários e outros tratadores de animais podem adquirir a leptospirose pela exposição direta à urina dos bichos.

A bactéria penetra o corpo humano através da pele, especialmente se houver ferimentos, feridas e arranhões, e pelas mucosas, como boca e olhos.

Como é feito o diagnóstico de leptospirose?

Na fase inicial, a leptospirose é semelhante a doenças como dengue, gripe, malária, hepatite e toxoplasmose. Por isso, o diagnóstico é feito por meio de exames de sangue que vão indicar a presença de anticorpos contra a bactéria Leptospira ou apontar a existência da própria bactéria.

O paciente também deve informar ao médico se esteve em alguma situação de risco, como enchentes, inundações, lama de esgoto ou algum tipo de água parada contaminada com urina de rato.

Leptospirose tem cura? Como é feito o tratamento?

A leptospirose tem cura e, para tratá-la, é indicado o uso de antibióticos, como a amoxicilina para a fase precoce e penicilina para a fase tardia.

Medicamentos para aliviar as dores também podem ser prescritos pelo médico, sendo que o clínico geral é capacitado para atender essas situações.

Casos leves da doença geralmente são tratados no ambulatório, enquanto quadros graves precisam de internação imediata. O uso de antibióticos deve ser iniciado assim que o médico suspeitar de leptospirose, sem esperar o resultado dos exames que confirmem o diagnóstico.

Se a doença não for devidamente tratada, é possível que ela evolua para outras condições, como:

• Insuficiência renal
• Necrose tubular aguda (lesão nos rins causada pelo dano às células do órgão)
• Miocardite
• Pancreatite
• Anemia
• Distúrbios neurológicos, incluindo alucinações, meningite, confusão e delírios

Embora a leptospirose seja tratável e tenha cura, não buscar atendimento médico pode resultar em complicações e sequelas, além de morte.

Como prevenir a leptospirose?

Não há nenhum tipo de vacina disponível para prevenir a leptospirose. Por isso, é necessário que as pessoas tenham cautela e estejam conscientizadas sobre a doença. O poder público também precisa garantir o saneamento básico para toda a população e investir em obras para evitar enchentes.

No verão, com o acúmulo de tempestades, muitas cidades sofrem com enchentes. Nessas situações, é importante esperar a água baixar, impedir que as crianças brinquem nas inundações e tomar cuidado com a lama dos alagamentos.

Esse tipo de lama é capaz de aderir ao chão, às paredes e aos móveis, se a enchente invadir casas, e tem alto poder infectante. Dessa forma, o indicado é removê-la sempre com o uso de luvas e botas de borracha, e lavar todo o local com água sanitária.

Para o controle de ratos, é recomendado:

• Armazenar alimentos corretamente
• Desinfectar e vedar caixas d’água
• Embalar bem e garantir um descarte correto de lixos
• Se a desratização for necessária, você deve contratar técnicos especializados, pois só eles podem manusear raticidas e outros venenos da maneira correta

Não se esqueça também de lavar todos os alimentos com cuidado, especialmente os que são consumidos crus, como frutas e verduras. Se apresentar dores de cabeça, febre e dores no corpo alguns dias após ter enfrentado alguma situação de risco, busque ajuda médica o mais rápido que puder.