Bactéria H. pylori: como lidar com a infecção?

O que é H. pylori?

Atingindo cerca de dois terços da população mundial, a bactéria H. pylori (Helicobacter pylori, um tipo de germe) é muito comum e se instala na mucosa do estômago humano. Por seu formato cilíndrico e possuir flagelos em forma de cílios compridos, ela consegue se fixar à superfície da membrana e viver anos dentro do órgão em função da capacidade de converter a ureia presente no suco gástrico em amônia e gás carbônico (processo que lhe fornece a energia necessária).

A H. pylori normalmente é contraída nos primeiros anos de vida, via alimentos mal higienizados ou água contaminada. É mais frequentemente encontrada nos pacientes mais velhos, especialmente naqueles que passaram a infância em condições socioeconômicas desfavoráveis.

A infecção permanecerá no sistema digestivo indefinidamente, a menos que seja tratada clinicamente. A maioria dessas pessoas convive com ela sem apresentar sintomas, tanto é que muitas apenas descobrem ter H. pylori após realizar exames, como endoscopia e teste de fezes.

Continue a leitura para conhecer mais sobre o assunto, sabendo como descobrir se tem esta bactéria e o que precisa ser feito em caso positivo.

pylori é grave?

A H. pylori é capaz de provocar um ambiente inflamatório no estômago e formar pólipos gástricos, o que, a longo prazo, implica no aumento do risco de câncer no órgão. Este último, sim, é um quadro grave, por se tratar de uma doença crônica.

No lado superior esquerdo do nosso abdômen, localizado abaixo do diafragma, entre o esôfago e o duodeno, o estômago é um dos órgãos mais importantes do aparelho digestivo.

O diagnóstico precoce é fundamental quando existe a chance de desenvolver câncer nesta parte do corpo. Se descoberto cedo, o câncer gástrico tem altas chances de cura.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a H. pylori como um agente carcinogênico de classe I. Isso significa que existem evidências robustas associando sua presença ao desenvolvimento de tumores no estômago. Alguns estudos sugerem que a erradicação da bactéria poderia prevenir até 80% desses casos.

Mesmo com a potencial gravidade associada à H. pylori, muitos indivíduos infectados nunca chegam a apresentar sintomas ou desenvolver complicações sérias. O fator pelo qual alguns são mais vulneráveis enquanto outros são mais resistentes ainda é tema de debate e intensa pesquisa.

 pylori: o que causa?

A gastrite por H. pylori é causada pela entrada da bactéria no organismo, produzindo enzimas que causam uma irritação no estômago e enfraquecem a mucosa que protege o órgão. Desta forma, os sucos digestivos produzidos no estômago corroem suas paredes e dão origem a erosões, feridas e úlceras.

A transmissão da bactéria ocorre das seguintes formas:

• Consumo de alimentos e/ou água contaminados
• Contato com saliva, fezes ou vômito de uma pessoa contaminada (cenário recorrente em locais sem tratamento de esgoto ou saneamento básico)

Sintomas da infecção: quando devo procurar um médico?

A suspeita da presença da bactéria H. pylori ocorre após o aparecimento de alguns sinais de mau funcionamento no sistema digestivo.

Os principais sintomas de H. pylori são:

• Sensação de barriga inchada
• Falta de apetite
• Dor e sensação de queimação no estômago
• Enjoos, náuseas e vômitos
• Arrotos ou gases intestinais em excesso
• Fezes muito escuras ou com sangue
• Azia
• Perda de peso não intencional
• Mau hálito

A infecção pela bactéria causa uma inflamação constante do revestimento do estômago, que, ao longo do tempo, acaba resultando em pequenas úlceras gástricas, que são feridas no estômago que causam intensa dor e sangramento.

Além disso, se não for tratado de forma adequada, o H. pylori pode resultar numa inflamação crônica do estômago que aumenta para até 8 vezes mais o risco de desenvolver algum tipo de câncer. Assim, mesmo a infecção por esta bactéria não sendo a certeza de um diagnóstico de câncer, é indicativa que a pessoa tem maior risco para desenvolvê-lo no estômago, se não fizer o tratamento adequado.

Por isso, se apresentar os sinais listados acima, é importante consultar um médico gastroenterologista, que solicitará exames para confirmar o diagnóstico.

Diagnóstico da infecção

O diagnóstico se inicia com a anamnese e a avaliação clínica por um médico especialista, na qual serão considerados os sintomas apresentados, bem como o histórico do paciente. Com a suspeita, identificar a presença da bactéria H. pylori é o próximo passo.

O diagnóstico será confirmado com o resultado de exames como teste de fezes, sangue (sorologia), teste respiratório da ureia (ar exalado) e endoscopia digestiva alta. 

pylori tem cura? Como é o tratamento?

Sim, há possibilidade de cura. Se seguir as recomendações médicas corretamente, a taxa de eficácia do tratamento é próxima de 100%, conseguindo erradicar a bactéria H. pylori do organismo.

O processo, que dura em média 14 dias, é feito com a associação de remédios antibióticos (claritromicina e/ou amoxicilina) e inibidores da bomba de prótons (como omeprazol), prescritos pelo gastroenterologista.

O médico deverá receitar também outros medicamentos para suprimir a produção de ácido pelo estômago e, desse modo, promover a cura das feridas. Em alguns casos, probióticos são recomendados para manter o equilíbrio da flora intestinal.

Ainda é importante adotar uma dieta que ajude a aliviar os sintomas da gastrite, devendo-se apostar em vegetais, carne branca, e evitar excesso de molhos, condimentos e alimentos industrializados. 

Como prevenir a H. pylori

A higienização dos alimentos antes do consumo e ingerir somente água tratada são fatores primordiais para evitar a contaminação por H. Pylori.

Para manter seu aparelho digestivo em dia, procure um gastroenterologista perto de você. Ele é o profissional habilitado para lhe fornecer as melhores orientações sobre o assunto!