Depressão infantil: por que diagnóstico precoce é fundamental?
04 de março de 2025
Condição é capaz de interferir no desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.

Crianças podem ter depressão?
Tristeza persistente, falta de vontade de brincar, desânimo em ver os amigos, irritabilidade e dores de cabeça e sem explicação clara. Esses são alguns sintomas da depressão infantil e, caso seu filho apresente esses sinais, é preciso ter bastante atenção.
O entendimento popular é que a depressão é uma doença de adultos, causada, sobretudo, pelo estresse e a responsabilidade da vida mais velha. Mas não é bem assim. A condição atinge pessoas de todas as idades, incluindo crianças e adolescentes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 3% das crianças entre 6 e 12 anos e 5% dos adolescentes de 13 a 18 anos sofrem de depressão em todo o mundo. No Brasil, os estudos sobre a depressão infantil ainda são escassos, mas a incidência do transtorno é estimada em 8 milhões de jovens de 0 a 17 anos.
A carência de estudos concretos em território brasileiro também exibe um alerta sobre a necessidade de mais informação sobre o tema principalmente para pais, responsáveis e professores.
Outro problema está no senso comum que envolve a depressão. Para muitos, é difícil diferenciar a tristeza comum do transtorno depressivo, o que acaba gerando atrasos no diagnóstico e no tratamento da doença.
Tristeza x depressão: como diferenciar em crianças?
Crianças e adolescentes nem sempre conseguem demonstrar emoções com clareza, o que torna ainda mais desafiador distinguir os estados de tristeza e depressão.
No entanto, alguns sinais ajudam nessa diferenciação:
- A tristeza é uma emoção normal e passageira (dura algumas horas ou poucos dias), que costuma ter um motivo específico, como uma nota baixa na escola ou um desentendimento com um amiguinho. Com apoio, atenção, distração ou após certo tempo, o humor melhora sem afetar atividades diárias.
- Por outro lado, a depressão infantil é um transtorno mental que persiste por semanas, meses e até anos. A tristeza, nesses casos, é duradoura e muitas vezes está acompanhada de irritabilidade excessiva. É comum que o jovem perca o interesse em brincar e ver amigos, e tenha queda no rendimento escolar.
Os sintomas da depressão ao longo da infância e adolescente
Outro ponto que ajuda a diferenciar tristeza da depressão infantil é a presença de sintomas complementares. Para que a criança ou adolescente seja diagnosticado com o transtorno, é necessário que ela apresente pelo menos 5 sintomas ao longo de, no mínimo, 2 semanas.
Além disso, os sinais desse tipo de depressão podem ser diferentes no decorrer da infância e da adolescência. Entenda:
Entre os 2 e 5 anos
- Irritabilidade, birras e choro frequentes
- Falta de vontade de brincar e ver amiguinhos
- Apego excessivo ou medo de se separar da mãe, do pai ou do responsável
- Problemas na hora de dormir, como insônia ou fazer xixi na cama
- Alterações no apetite e peso
- Dores de cabeça e na barriga sem relação a outras doenças
- Regressão de comportamentos, como voltar a chupar o dedo ou querer chupeta
Entre os 6 e 12 anos
- Queda do rendimento escolar e dificuldade de concentração
- Perda de vontade de ver os amigos
- Perda de vontade em praticar atividades que antes eram prazerosas, como esportes
- Tristeza persistente e choro fácil
- Sentir-se entediado ou não amado
- Voltar a urinar na cama
- Falta de energia
- Sentimento de ou culpa, utilizando frases como “não sei fazer nada”, “sou burro”, “ninguém gosta de mim”
- Baixa autoestima
- Dores inexplicáveis pelo corpo
Entre os 13 e 18 anos
- Aparência triste e desanimada
- Irritabilidade ou acessos de raiva constantes
- Dificuldade para dormir à noite ou excesso de sono durante o dia
- Medo de fracassar
- Medo de ser rejeitado
- Perda ou ganho de peso
- Mudanças rápidas de humor
- Vontade de se isolar, deixando de ver amigos e praticar atividades que antes eram prazerosas
- Choro fácil
- Comportamentos de risco ou de autodestruição
- Pensamentos suicidas, em casos graves
O que causa depressão em crianças?
A depressão infantil costuma ser causada por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e ambientais. Algumas das principais causas incluem:
Fatores biológicos
- Genética: crianças com histórico familiar da condição médica têm maior risco de desenvolver a doença
- Alterações químicas no cérebro: desequilíbrios em neurotransmissores como serotonina e dopamina contribuem para o quadro
- Problemas hormonais: alterações nos hormônios do estresse (cortisol, a adrenalina e a noradrenalina) são capazes de afetar o humor e o bem-estar
Fatores psicológicos
- Baixa autoestima: sentimentos de inferioridade, autocrítica excessiva e insegurança
- Dificuldade em lidar com emoções: crianças que não aprendem a expressar e regular emoções podem se sentir sobrecarregadas, levando a um quadro depressivo
- Experiências traumáticas: perdas, abusos emocionais, físicos ou sexuais e situações de violência
Fatores ambientais
- Ambiente familiar difícil: conflitos entre os pais, separação, negligência ou falta de afeto podem impactar a saúde mental da criança ou jovem
- Problemas escolares: bullying, dificuldades de aprendizado ou pressão excessiva
- Falta de apoio social: a ausência de amigos ou relacionamentos saudáveis aumenta o sentimento de solidão
- Excesso de tecnologia e redes sociais: comparações constantes e cyberbullying conseguem afetar a autoestima
Por que o diagnóstico precoce é essencial?
Ao notar sinais de depressão infantil, é necessário buscar ajuda profissional o quanto antes. O diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra ou por um psicólogo, por meio de uma avaliação clínica detalhada.
Como nem sempre a criança ou adolescente consegue expressar o que está sentido com exatidão, os especialistas também escutam os depoimentos de pais, responsáveis ou professores.
Além disso, o paciente passa por testes psicológicos, como a Escala de Depressão Infantil (CDI), que utiliza questionários e outros métodos para medir os sintomas depressivos.
A avaliação detalhada é de extrema importância porque a depressão pode ser confundida com outros transtornos, como ansiedade, transtorno opositor desafiador (TOD), TDAH, autismo ou dificuldades de aprendizagem.
Descartar condições físicas também é essencial. Por isso, o psiquiatra costuma solicitar exames de sangue, incluindo eletrólitos, hormônios da tireoide, testes de função hepática e toxicológicos.
Tenha em mente que diagnosticar a depressão infantil de maneira precoce é fundamental para a qualidade de vida dos pequenos. Isso permite um tratamento mais eficaz, prevenindo complicações no desenvolvimento emocional, social e escolar da criança, além do agravamento do transtorno.
Tratamento adequado auxilia na qualidade de vida e no desenvolvimento da criança
O tratamento adequado é essencial. Com a abordagem certa, é possível ajudar o paciente a recuperar a alegria, desenvolver habilidades emocionais e melhorar a socialização e desempenho escolar.
A , especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), realizada com um psicólogo, é uma das abordagens mais eficazes. A prática ajuda a criança a entender e lidar com suas emoções, desenvolver pensamentos mais positivos e melhorar sua autoestima.
Além disso, o envolvimento da família é fundamental. Os pais recebem orientações profissionais sobre como apoiar a criança ou adolescente em casa, criando um ambiente acolhedor e seguro.
Outros métodos de tratamento complementares importantes incluem:
- Arteterapia, musicoterapia e brincadeiras terapêuticas ajudam a criança a se expressar e lidar com emoções de maneira mais saudável
- Uma rotina estruturada, com horários regulares para sono, alimentação e atividades físicas, contribui para o bem-estar emocional
- Uma dieta equilibrada e exercícios físicos regulares ajudam a regular o humor e reduzir os sintomas da depressão
- Em casos mais graves, o psiquiatra pode recomendar o uso de antidepressivos específicos, sempre com acompanhamento rigoroso
Cuidados para prevenir a depressão infantil
A prevenção da depressão infantil envolve a criação de um ambiente seguro, acolhedor e estimulante para o desenvolvimento emocional da criança. Pequenas atitudes no dia a dia podem fazer uma grande diferença na saúde mental dos pequenos:
- Fortaleça os vínculos familiares
- Crie um ambiente amoroso, evitando brigas e discussões perto da criança
- Estimule atividades criativas e físicas ao ar livre, limitando o uso de telas, como celulares e computadores
- Ensine disciplina de maneira positiva, sem agressões ou humilhações
- Fique atento a sinais de bullying e cyberbullying
- Acompanhe o desenvolvimento escolar
- Fique atento a mudanças de comportamento, especialmente tristeza persistente, irritabilidade e isolamento
- Busque a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra perto de você o quanto antes
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Johns Hopkins Medicine – Depression in Teens and Children
Cleveland Clinic – Depression in Children
NHS – Depression in children and young people
National Library of Medicine – Depression in children
Manual MSD – Transtornos depressivos em crianças e adolescentes

Escrito por Vale Saúde
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