Ergonomia: o que é e qual é sua importância para o trabalho

O que é ergonomia?

Apesar das discussões sobre ergonomia serem atuais, sua história mostra que a preocupação em buscar soluções para adaptar o trabalho às condições humanas vem de muito tempo atrás. Surgida oficialmente no século XX, a ergonomia consiste em possibilitar que uma pessoa realize determinada atividade adequando os recursos e o ambiente a seu favor.

O termo “ergonomia” foi empregado pela primeira vez em 1857, pelo polonês Wojciech Jarstembowsky, para representar uma ciência que desenvolve a associação perfeita entre as capacidades e limitações do trabalhador, suas condições de trabalho e a eficiência do sistema organizacional. Ela tem como principal função criar técnicas e estratégias que garantem a saúde dos trabalhadores, por meio da adaptação do ambiente de organizacional.

Os objetivos principais das práticas ergonômicas são prevenir acidentes, diminuir riscos, corrigir erros, aumentar o conforto do trabalhador, proteger sua saúde e garantir sua segurança. Ao analisar a postura, movimentos corporais, equipamentos usados e fatores físicos do ambiente de trabalho, é possível que surjam necessidades de intervir para informar, sensibilizar e corrigir problemas. Com isso, a ergonomia consegue obter um aumento da eficiência da empresa e, consequentemente, na produtividade e nos lucros.

O que é a NR 17 e o que ela estabelece?

A ergonomia no ambiente de trabalho é uma exigência legal. As Normas Regulamentadoras foram criadas pelo Ministério do Trabalho para regulamentar e fornecer informações sobre as obrigatoriedades em relação a Segurança e Medicina do Trabalho.

A NR 17, aprovada pela Portaria MTPS (Ministério do Trabalho e Previdência Social), n.º 3.214 de 8 de junho de 1978, é a norma que aborda a ergonomia no trabalho e torna obrigatório para todas as empresas regidas no formato CLT promover ao trabalhador conforto, redução de dores e lesões, e aumento da produtividade. Ela foi criada pois a qualidade de vida, saúde e segurança do trabalhador são diretamente afetadas pelo ambiente de trabalho.

A norma apoia tanto o empregado quanto o empregador, e trata questões como a estação de trabalho, as máquinas e equipamentos utilizados, condições das funções desempenhadas e prevenção de possíveis problemas de saúde.

O não cumprimento da NR 17 acarreta consequências como notificação para a empresa na 1ª vez de descumprimento, com prazo de 60 dias para corrigir as irregularidades. Caso a companhia não cumpra a determinação, receberá uma multa, e se o problema persistir, deverá responder judicialmente. Já para o empregado, o descumprimento da norma pode levar a demissão por justa causa.

Quais são os tipos de ergonomia?

O estudo ergonômico é bastante amplo e considera diferentes fatores físicos, cognitivos, ambientais, sociais, organizacionais, entre outros que são relevantes para a interação entre humanos e elementos de sistemas ou ambientes. Por isso, ela é classificada em sete tipos especializados. Conheça cada um deles a seguir:

Ergonomia física

Neste estudo da ergonomia, são realizadas medições do corpo humano, chamadas avaliações antropométricas, para conhecer o biotipo dos colaboradores e, a partir disso, dimensionar equipamentos, ferramentas e máquinas. Também são analisadas formas de manter o melhor desempenho e saúde dos funcionários enquanto realizam suas tarefas diárias como sua postura, a maneira com que manuseiam os equipamentos, se existe repetição de movimentos durante as atividades etc.

Dessa forma, se torna possível entender como ocorre a relação entre as atividades realizadas em ambiente de trabalho e as características anatômicas da pessoa, ou seja, sua fisiologia, antropometria e biomecânica. Assim, a empresa consegue prover os melhores móveis e equipamentos ergonômicos, ajudando a manter o bem-estar de seus colaboradores.

Ergonomia organizacional

Quando o assunto é ergonomia organizacional, falamos sobre promover mudanças na estrutura organizacional de uma empresa. É sobre otimizar processos, políticas, aspectos técnicos e sociais, adaptando as condições com o objetivo de manter a boa saúde e o bem-estar do trabalho.

Para isso, são feitas intervenções nos processos de comunicação da empresa, assim como nas atividades feitas em grupo, para orientar os profissionais e melhorar a qualidade da gestão.

Ergonomia de correção

Esse tipo de ergonomia é um desdobramento direto da ergonomia física, realizando atividades para adequar o ambiente de trabalho, seja ele presencial ou remoto. Se algo causa desconforto ou incômodo aos funcionários, a empresa deve aplicar a ergonomia de correção para atender as necessidades, sejam físicas ou mentais, corrigindo os problemas e garantindo um ambiente adequado de trabalho.

Ergonomia de conscientização

É focada no engajamento dos colaboradores quando o assunto é cuidado com a saúde no trabalho. Como o próprio nome diz, seu objetivo é conscientizar e incentivar a realização de atividades físicas, ter momentos de descanso e buscar atendimento psicológico. Esse processo pode ser feito por meio de workshops, palestras, comunicados, entre outras atividades.

Ergonomia participativa

Criada para conscientizar e fiscalizar, a ergonomia participativa envolve em seus processos todas as partes interessadas no planejamento e controle de suas próprias atividades, ou no desenvolvimento e implementação de novas tecnologias dentro de uma organização. Isto é, os colaboradores e a empresa conseguem fazer sua parte, monitorando se as medidas ergonômicas implementadas na organização estão sendo executadas.

Ergonomia operacional

Projeta e executa planos de ação para tentar evitar ao máximo a sobrecarga dos trabalhadores. É focada em oferecer boas condições de trabalho, fazendo com que a performance dos times aumente. Desse modo, mesmo com o aumento no volume das demandas, garante que a qualidade do trabalho não se perca.

Ergonomia cognitiva

A ideia da ergonomia cognitiva é conhecer os aspectos capazes de influenciar na saúde mental dos trabalhadores e intervir caso necessário. Ela está ligada a todos os processos mentais utilizados para realizar as atividades, como eles afetam as relações daquele indivíduo com outras partes do sistema, avaliando a carga mental exigida nos diferentes tipos e ambientes de trabalho.

O objetivo principal desse estudo ergonômico é eliminar qualquer possibilidade de estresse e fatores que levam a transtornos como a depressão. Para isso, ocorre a análise de pontos como a interação entre homem e máquinas, raciocínio, resposta motora, percepção, memória, desempenho do profissional em determinada área e seus processos de tomada de decisão.

Ergonomia no trabalho e a valorização profissional

É importante que as empresas estejam cientes que se preocupar com a ergonomia no trabalho gera impactos positivos e imediatos aos trabalhadores. Além do aumento da disposição para exercer suas funções, proporcionar boas condições de trabalho também faz com que as pessoas se sintam mais valorizadas e confiantes com a postura da empresa.

Os benefícios da ergonomia, tanto para o trabalhador, quanto para o empregador são expressivos e observáveis em qualquer setor. Confira algumas dessas vantagens a seguir:

• Aumento da produtividade: garantindo as condições necessárias para que o trabalhador desempenhe suas funções automaticamente se obtém ganhos na produtividade, já que, dessa forma, não são encontrados empecilhos para a execução das tarefas.
• Clima organizacional agradável: o resultado de não encontrar dificuldades pelo caminho é a diminuição da ansiedade e do estresse. Assim, o trabalhador consegue se relacionar melhor com líderes e colegas, a pressão por resultados é minimizada e as interações são incentivadas e favorecidas, tornando o clima organizacional mais saudável.
• Redução nos atrasos e faltas: com um bom ambiente de trabalho, os colaboradores não se sentem esgotados e, assim, cumprem com seus horários. Além de que, reduzindo os riscos de acidentes e doenças ocupacionais, o absenteísmo também diminui. Com uma equipe saudável, não há a necessidade de consultas médicas recorrentes ou licenças frequentes para cuidar da saúde.
• Menos pedidos de demissão: como dissemos anteriormente, a ergonomia ajuda a aumentar a satisfação do trabalhador e, consequentemente, os pedidos de demissão são minimizados, já que o profissional não sente necessidade de deixar seu emprego, pois encontra tudo o que precisa para trabalhar e manter sua saúde em dia.

Para as empresas, é essencial encarar os desafios de adequar o ambiente de trabalho e corrigir os problemas que causam desconforto, dores, fadiga excessiva e afastamentos. Dessa forma, além de promover mais satisfação, a saúde do trabalhador é preservada.

Valorizar o empregado retém talentos. Assim como, o aumento da qualidade de vida, tanto no trabalho quanto fora dele, posiciona melhor a empresa frente a seus concorrentes. Em um mundo que se aborda tanto a busca pelo equilíbrio entre vida profissional e pessoal, esse fator tem grande relevância em qualquer setor.

Ergonomia e home office: como aplicar?

Com a pandemia por Covid-19, muitos profissionais passaram a trabalhar de casa. Para as empresas, garantir que as orientações ergonômicas sejam implementadas e seguidas sempre foi um desafio, e no modelo home office isso se tornou ainda mais dificultoso.

Além da empresa proporcionar equipamentos e orientação acerca da importância da ergonomia, é preciso que o colaborador seja ativo na hora de cuidar da sua qualidade de vida e bem-estar trabalhando neste modelo. Por isso, aqui vão algumas dicas que podem ajudar:

• Procure manter uma boa postura enquanto trabalha
• Tenha cuidado com a repetição de movimentos
• Busque um ambiente adequado para trabalhar, sem ruídos prejudiciais ao sistema auditivo, com uma iluminação e ventilação eficientes e móveis adequados
• Mantenha um ritmo de trabalho saudável, não passe dos seus limites e sempre procure não exceder sua carga horária
• Permita-se ter uma agenda dinâmica, respeitando os horários e regras da empresa

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