Alimentação
Intolerância ao glúten não tem cura: dieta é o único caminho
29 de junho de 2023
Saiba como excluir a proteína presente no trigo, centeio, cevada e malte da alimentação
O que é a intolerância ao glúten?
Também conhecida como sensibilidade ao glúten ou sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC), a intolerância ao glúten é a incapacidade ou dificuldade de digestão do glúten (proteína presente no trigo, centeio, malte e cevada). A condição atinge, em média, 5% da população no Brasil.
Nesses pacientes, o glúten danifica as paredes do intestino delgado, provocando diarreia, dor e inchaço abdominal, além de dificultar a absorção de nutrientes.
Já na doença celíaca, que é autoimune, também ocorre uma intolerância ao glúten, mas há uma reação do sistema imunológico causando um quadro mais grave, com inflamação, dores intensas e diarreia frequente.
A intolerância ao glúten é permanente, ou seja, não tem cura. A única solução é a dieta restritiva: retirar completamente o glúten da alimentação para os sintomas desaparecerem.
A seguir, vamos dar mais detalhes sobre este ingrediente para saber como evitá-lo e reconhecer sinais da intolerância. Confira o restante do artigo!
O que é o glúten?
O glúten é uma proteína formada pela junção de outros dois compostos: glutenina e gliadina. Juntamente com a água, ele gera um tipo de gel, atuando como uma espécie de cola, que garante uma maior elasticidade às massas de panificação e alimentos (pães, massas e biscoitos).
O glúten é parte proteica da composição de cereais como o trigo, centeio, malte e cevada, mas pode ser encontrado também na aveia por conta da contaminação cruzada (pelo uso das mesmas máquinas em que passam os cereais com glúten).
Por ser uma proteína vegetal e estar presente em cereais com boas fontes de fibras, os alimentos com glúten podem ser consumidos livremente por pessoas que não tenham doença celíaca, alergias ou intolerância à essa proteína.
O que uma pessoa com intolerância ao glúten não pode comer?
O glúten é muito utilizado na área de tecnologia de alimentos, por dar uma excelente aparência e textura. Devido a essa característica, existem muitos alimentos que contêm glúten.
Confira abaixo o que deve ser evitado por quem é celíaco ou tem intolerância ou alergia à proteína:
- Farinha de trigo
- Farinha de centeio
- Cevada
- Malte
- Pães
- Bolos
- Barrinhas energéticas
- Massas
- Pizzas
- Tortas
- Biscoitos e bolachas
- Cervejas
- Uísques
- Alimentos processados no geral, como embutidos
Segundo o Ministério da Saúde, é obrigatório por lei que todos os alimentos industrializados informem em seus rótulos se o produto possui ou não glúten.
É recomendado procurar um nutricionista para obter orientações adequadas e ter um plano alimentar ideal para substituições da proteína, evitando deficiências nutricionais.
Quais são os sintomas de pessoas que têm intolerância ao glúten?
Pacientes com doença celíaca, alergia ou intolerância ao glúten não conseguem digerir bem esses tipos de alimentos listados acima, podendo apresentar sintomas como distensão abdominal, diarreia e perda de peso.
Os sinais que indicam uma possível intolerância podem ser observados já na infância, quando são introduzidos cereais na alimentação do bebê. Os sintomas mais comuns incluem:
- Diarreia frequente, de 3 a 4 vezes ao dia, com grande volume de fezes
- Náuseas e vômito persistente
- Irritabilidade ou alterações de humor
- Perda do apetite
- Emagrecimento sem causa aparente
- Dor abdominal
- Abdômen inchado
- Anemia
- Palidez
- Diminuição da massa muscular
- Queda de cabelo
- Cansaço
- Tonturas
- Enxaquecas (dores de cabeça)
- Dores musculares
- Manchas vermelhas na pele e coceira
Em alguns casos, esses sinais não aparecem ou são discretos. Assim, a intolerância ao glúten só é descoberta após a manifestação de outras reações clínicas decorrentes da condição, tais como baixa estatura, anemia, Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), artrite, prisão de ventre crônica, puberdade tardia, perda do esmalte dentário, osteoporose, convulsões ou até infertilidade.
Já a doença celíaca ainda aumenta os riscos de desenvolver câncer de intestino.
Como fica a barriga de quem tem intolerância ao glúten?
Em pessoas que consomem alimentos com glúten e são celíacas ou desenvolveram intolerância, ocorre a distensão abdominal, nome do sintoma para a barriga muito inchada.
A condição traz muitos desconfortos, normalmente acompanhada de cólicas abdominais e sensação de estufamento. Ela pode ser decorrente das diarreias, da prisão de vente crônica ou do excesso de gases.
É possível desenvolver intolerância ao glúten?
Sim, verdade. Apesar de ser uma doença que costuma surgir com mais frequência em bebês, na fase em que é inserido o glúten na alimentação da criança, a intolerância pode se desenvolver em qualquer fase da vida. Os sintomas aparecem até mesmo na terceira idade.
Segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA), estima-se que 1% da população mundial tem a doença celíaca. Já no Brasil, o número de casos chega, aproximadamente, a 2 milhões de pessoas.
Alternativas sem glúten: opções para uma dieta saudável
Os alimentos que não contêm glúten são principalmente:
- Frutas e vegetais
- Leguminosas (feijão, soja, grão de bico ou lentilha)
- Cereais (arroz, quinoa, amaranto, milho e seus derivados)
- Tubérculos (batata, fécula de batata, aipim/mandioca, inhame)
- Proteínas (carne, frango, ovos, tofu e peixes)
- Doces (açúcar, chocolate, cacau, gelatinas e sorvetes)
- Temperos (sal, pimenta, páprica, tomilho, manjericão, orégano)
- Gorduras (azeite, manteiga, óleo de coco, sementes de linhaça, de abóbora e de chia)
Esses alimentos e outros produtos feitos apenas com esses ingredientes, como macarrão de arroz, biscoito de polvilho, bolo de fécula de batata, pão de milho ou de farinha de grão de bico podem ser consumidos em uma dieta sem glúten.
Se necessitar de auxílio na composição do plano alimentar saudável com foco na substituição deste ingrediente, é importante procurar o acompanhamento clínico de um nutricionista.
Como é o diagnóstico da intolerância ao glúten?
As causas da intolerância ao glúten não são totalmente conhecidas. É possível que a origem seja genética ou ocorra devido à permeabilidade intestinal alterada (quando a parede do intestino perde sua função de barreira). Também existe a hipótese de que ela aconteça em decorrência desses dois fatores juntos.
A identificação da intolerância à proteína do trigo e outros cereais deve ser feita por um gastroenterologista ou clínico geral, que vai avaliar os sinais e sintomas apresentados pelo paciente e solicitar exames complementares para auxiliar o diagnóstico:
- Exame de fezes – conhecido como teste Van der Kammer
- Exame de urina – chamado teste D-xilose
- Teste sorológico – exame de sangue Antigliadina, endomísio e transglutaminases
- Biópsia intestinal
Se os testes anteriores não detectarem doença celíaca ou então alergia ao trigo (por meio de teste alérgico apropriado), o médico pode partir para o diagnóstico de exclusão e prescrever uma dieta sem glúten por quatro semanas, no mínimo. Após esse período, o paciente deve voltar a ingerir alimentos com a proteína e avaliar os efeitos.
Se os sintomas desaparecerem durante a dieta restritiva e surgirem novamente na alimentação com a proteína, conclui-se que ele tem sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC). Todo esse processo demanda o acompanhamento profissional de um nutricionista.
Como não há cura, o tratamento consiste basicamente em retirar o glúten da alimentação durante toda a vida. Ao manter esta dieta restritiva, os sintomas podem desaparecer em poucos dias ou semanas. Com o tempo, as lesões no intestino diminuem, ao contrário da doença celíaca, cujos danos ao órgão são irreversíveis.
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Escrito por Vale Saúde
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