O que causa mau hálito? É só má higiene?

O que é o mau hálito?

Chamada popularmente de mau hálito, a condição é denominada halitose, uma palavra com origem no latim: “halitu” significa ar expelido e, “osi” alteração. Ou seja, é a alteração no ar expelido pelos pulmões, boca e narinas. Essa condição não é uma doença, mas, sim, uma maneira do nosso organismo nos mostrar que algo não está funcionando como deveria.

O mau hálito é um problema com consequências sociais, morais e psicoafetivas que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge mais de 40% da população global. Sua predominância varia conforme a idade, sexo, hábitos de vida e de higiene oral. Estudos indicam que o mau hálito é mais comum em homens do que em mulheres e pessoas idosas.

Como saber se tenho mau hálito?

O grande problema do mau hálito é que a pessoa que o possui, muitas vezes, não percebe. Isso acontece por conta da “fadiga olfativa”, em que o nariz se acostuma com o cheiro e não detecta a alteração ou a intensidade. O mesmo ocorre quando usamos um perfume por muito tempo: em um certo momento, o aroma deixa de ser  tão intenso quanto era antes.

Infelizmente, essa falta de percepção faz com que a pessoa dependa de terceiros para avisá-la que está com mau hálito, o que pode levar a constrangimento, gerar ansiedade e preocupação constante. A ausência de diagnóstico e negligência no tratamento da halitose causam redução na qualidade de vida, possibilitando o desenvolvimento de depressão, isolamento social e distúrbios psicológicos, e interferindo diretamente no autocuidado do indivíduo.

Quais são as causas do mau hálito?

É fato que a má higiene bucal causa mau hálito. Isso acontece porque deixar de cuidar da boca favorece a proliferação de bactérias que causam esse problema. Não escovar os dentes, deixar de passar fio dental e dispensar o enxaguante bucal acaba mantendo resíduos de alimentos nas cavidades presentes na boca. A decomposição desses resíduos libera o mau cheiro, além de aumentar as chances de desenvolver alguma doença bucal.

Mas será que é só a má higiene que causa o mau hálito? Às vezes, é possível que a sua higiene bucal seja digna de elogio dos dentistas e, ainda assim, o odor persiste. Entenda quais são outras sete condições que levam a isso:

Alguns alimentos são culpados

Cebola, alho, brócolis, couve galega e couve-flor são alguns exemplos de alimentos que favorecem o surgimento do mau hálito. Isso acontece pois eles possuem substâncias químicas que estimulam a produção de enxofre no organismo. Esse gás, por sua vez, costuma ser eliminado tanto pelo ânus quanto pela boca.

O odor na cavidade bucal tende a perdurar até que o corpo faça toda a digestão do alimento, entretanto, isso se torna mais difícil quando eles são consumidos com muita frequência. Além disso, manter uma boa escovação e limpeza auxilia a eliminar o odor na boca.

Tabagismo

Essa é uma das principais causas para o mau hálito. O tabagismo deixa um odor forte na boca e no corpo de quem fuma, independentemente se forem cigarros convencionais, eletrônicos ou charutos. O ressecamento da boca pela fumaça inibe a formação de saliva que protege a mucosa oral, permitindo que bactérias causem problemas que trazem o mau hálito, como a gengivite e a cárie.

Diabetes e dietas cetogênicas

Diabetes é uma das doenças capazes de afetar nosso hálito. Isso acontece quando a dosagem de insulina é insuficiente e o açúcar começa a se acumular na corrente sanguínea. A reação do nosso corpo é começar a decompor as gorduras em compostos chamados de “cetonas”, para agir como forma rápida de combustível para as células. As cetonas têm um odor distinto e, quando se acumulam no sangue, chegam facilmente ao hálito, levando a sua alteração. Esse estado é chamado de cetoacidose diabética.

Além da diabetes, algumas dietas, chamadas de dietas cetogênicas, se baseiam na produção de cetonas para promover a perda de peso por meio da decomposição de gorduras. Esse método, força o corpo a converter gordura em energia pela restrição no consumo de carboidratos. Outras dietas que têm esse princípio são a dieta Atkins e o jejum intermitente, em que as pessoas restringem a ingestão de alimentos por horas ou dias. O efeito colateral mais conhecido dessas práticas é o mau hálito.

Saburra lingual

Se você já olhou sua língua no espelho percebeu que estava esbranquiçada, isso é o que chamamos de saburra lingual.

Essa camada é resultado do acúmulo de placa bacteriana, ou seja, é composta por células velhas, restos de comida e bactérias. Uma língua saudável deve ser rosada na maior parte de sua superfície, com pequenas quantidades de saburra. Essa condição além de causar mau hálito, também altera o sabor dos alimentos e é capaz de comprometes a saúde da cavidade bucal.

Gengivite e Periodontite

A gengivite começa com inflamações na gengiva, inchaço, vermelhidão e sangramento espontâneo no tecido gengival. A periodontite é uma evolução desses sintomas, em que ficam mais intensos e são acompanhados por outros, como alteração no paladar, retração da gengiva e mau hálito persistente.

Xerostomia

A saliva é um componente importante para a proteção da boca, defendendo a cavidade de infecções bacterianas e promovendo sua limpeza ao remover as partículas de alimentos e, muitas vezes, a causa do mau hálito tem relação com a sua produção.

A xerostomia, popularmente conhecida como boca seca, é um sintoma associado à diminuição ou interrupção da produção de saliva, ou alteração na sua composição, resultando no mau hálito.

Nesse caso, é importante beber bastante água ao longo do dia para manter a mucosa bucal hidratada, além de evitar fumar. Entretanto, a xerostomia também pode ser sinal de doenças nas glândulas salivares, diabetes e da síndrome de Sjögren, uma doença autoimune caracteriza pela secura ocular e da boca. Além de ser efeito colateral de certos medicamentos, como antidepressivos, antialérgicos, diuréticos e anti-hipertensivos.

Infecções na garganta e problemas no estômago

Algumas condições médicas relacionadas a outras partes do corpo também contribuem para deixar a boca com um hálito ruim. Muitas referem ao sistema respiratório e aos seios nasais, como a sinusite e a amigdalite. Por causa do acúmulo de muco, a proliferação de bactérias aumenta, causando mau cheiro na saída do ar.

Além das infecções respiratórias, existem duas situações em que o mau hálito é atribuído ao estômago: quando gases são expelidos, mais conhecido como arroto ou eructação gástrica, e no refluxo gastroesofágico, quando há problemas no funcionamento da válvula que separa o esôfago do estômago.

Como acabar com o mau hálito?

Além de manter visitas periódicas ao dentista, é importante colocar em prática algumas medidas que diminuem a probabilidade de o mau hálito surgir:

• Manter bons hábitos de higiene bucal, como escovar os dentes após as refeições ou ao menos duas vezes ao dia, usando creme dental com flúor, além de fazer o uso correto do fio dental e enxaguante bucal
• Utilizar um raspador ou a própria escova de dentes para higienizar a língua. O ideal é que ela seja limpa sempre que se escova os dentes ou pelo menos, de manhã e à noite
• Manter-se hidratado para garantir um fluxo maior de saliva, consumindo de 1,5 a 3,0 litros de água por dia
• Reduzir ou evitar o tabagismo e o consumo de álcool
• Evitar ficar muitas horas sem se alimentar
• Cuidar com o consumo excessivo de alimentos que favorecem o mau hálito, como alho, cebola e azeitona
• Fazer a higienização correta de próteses dentárias para evitar o acúmulo de sujeira
• Conversar com o médico sobre os efeitos colaterais de medicamentos, tendo em vista que alguns podem diminuir a produção de saliva

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