O que é entorse? Confira os tipos e causas
31 de dezembro de 2024
Lesão traumática é uma ruptura ou estiramento doloroso de um ou mais ligamentos.
Qual é a definição de entorse?
Um dos traumas articulares mais frequentes na população ativa, em atividades do dia a dia ou durante a prática esportiva, a entorse é uma lesão dolorosa bastante comum.
Também conhecida popularmente como torção, acontece a partir de um movimento lateral excessivo da articulação, que afeta o ligamento da região em diferentes intensidades.
Desse modo, a entorse possui três classificações distintas: grau I (com estiramento ligamentar); grau II (lesão parcial no ligamento); e, por fim, o grau III, (mais severo, pois consiste na ruptura do ligamento).
Os ligamentos são faixas de tecido curtas e resistentes, que seguram seus ossos nas articulações. Uma ruptura do tendão ou do músculo não é considerada uma entorse.
Neste conteúdo, vamos saber mais sobre as características desta lesão, opções de tratamento e como é possível trabalhar na prevenção de acidentes. Continue a leitura!
Principais causas de entorses
Entorses ocorrem quando uma articulação é torcida, esticada ou dobrada demais, como no caso de:
- Lesões provocadas por esportes
- Traumas resultantes de quedas, escorregões e desequilíbrios
- Pisar “errado” no chão ao caminhar, correr ou pular
- Esforços repetitivos com a articulação
- Uso de calçados inadequados
- Pancada direta e forte na articulação
A entorse é mais comum de acontecer em atletas ou pessoas que trabalham com esforços repetitivos, por exemplo.
Há três formas de torcer uma articulação:
- Inversão: quando a articulação é virada para dentro, com lesões na parte lateral externa
- Eversão: quando a articulação é virada para fora, com lesões na face medial ou interna
- Rotação: quando a torção ocorre ao longo do eixo de toda a articulação, sendo interna ou externa
Cada articulação tem vários ligamentos. Às vezes, mais do que um sofre uma entorse.
Se há ruptura total de um ligamento, os ossos na articulação podem se separar. A isso se dá o nome de luxação.
Mesmo sem um deslocamento, a articulação pode ficar bamba. Este caso é denominado de articulação instável.
Tipos mais comuns de entorse
Entorse de tornozelo
Um dos tipos mais comuns de entorse causada por torções, caminhando ou correndo em superfícies irregulares ou aterrissando de mau jeito durante exercícios físicos. Este tipo é capaz de danificar o ligamento talofibular anterior ou o ligamento calcâneo e causar sintomas como dificuldade de apoiar o pé no chão e inchaço da parte lateral do pé.
Entorse no joelho
Outro tipo comum da lesão, consegue afetar os ligamentos presentes nas bordas internas ou laterais do joelho, além da parte da frente ou de trás do joelho. Normalmente, esse tipo de entorse é causado por esportes, como corrida, futebol, tênis ou basquete.
Entorse no pé
Atinge os ligamentos em volta do pé, sendo normalmente causado por aterrissar de forma incorreta ao pular ou mudança de direção repentina ao correr. Esse tipo de entorse pode afetar o dorso do pé ou a parte central do pé.
Entorse no dedo
Pode surgir nos dedos das mãos ou dos pés devido a bater a articulação em um móvel ou pancada por esportes, como basquete, vôlei ou futebol.
Entorse no pulso
Ocorre mais frequentemente devido a acidentes, fazendo com que a mão vá para trás durante a queda, ou ainda por torção ou carga excessiva. Também chamada de entorse no punho, este tipo pode levar ao rompimento de vários ligamentos do pulso e causar dor intensa e dificuldade de movimentar o pulso.
Diferença entre entorse, torção e luxação
Os termos relacionados a lesões ocorridas durante a prática esportiva (entorse, torção, luxação, contusão) são facilmente confundidos.
A torção é um movimento súbito e brusco que faz com que uma articulação se mova de forma incorreta ultrapassando a amplitude de movimento normal.
Geralmente, a torção leva ao de ruptura ou estiramento do ligamento da articulação, resultando na entorse e, em alguns casos, pode até ocorrer fratura do osso.
A entorse é capaz de causar vários tipos de lesão, sendo mais comuns as de: ligamento, menisco, cartilagem e fratura. Esses traumas ainda podem ser leves, moderados e graves.
Já a luxação é uma desarticulação (quando um osso se desarticula de outro osso), e, portanto, é sempre uma lesão grave e considerada de emergência.
Graus de entorse
Nas lesões leves, os sintomas (dor, edema/inchaço, hematoma no local e dificuldade de movimentos) devem durar, no máximo, entre uma e duas semanas. Já nas lesões completas, a proteção articular com imobilizadores semirrígidos são necessárias por tempo prolongado.
A entorse é classificada em diferentes níveis de acordo com a gravidade da lesão:
- Grau 1 – Leve: estiramento (alteração das fibras que compõem os ligamentos), não ocorrendo ruptura
- Grau 2 – Moderada: ocorre uma ruptura parcial do ligamento, de até dois terços das fibras ligamentares
- Grau 3 – Grave: caracterizada por uma ruptura total do ligamento
O grau da entorse é diagnosticado por um médico especialista e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, baseado em um exame clínico que normalmente é confirmado a partir da associação dos sintomas.
O profissional também deve solicitar exames de imagem para determinar o tipo de tratamento mais adequado.
Como as entorses não aparecem em radiografias, os traumatologistas nem sempre pedem Raio-X, somente se suspeitarem que um osso esteja fraturado ou fora de lugar.
Para confirmar a lesão ligamentar, pode ser prescrita a realização de uma ecografia ou ultrassonografia. Se o médico precisar verificar a extensão dos danos em um ligamento, o exame mais indicado é uma ressonância magnética (RM).
Como é o tratamento
O objetivo do tratamento da lesão ligamentar é a redução da dor e do inchaço, com retorno progressivo às atividades diárias, além de evitar as possíveis complicações, como a instabilidade ligamentar.
Nas primeiras 24 horas depois de uma entorse, os médicos adotam o procedimento chamado PRICE (derivado da sigla inglesa), que significa:
- Protect: proteger a lesão com uma bandagem de compressão ou tala
- Rest: repousar (descansar) a parte do corpo lesionada, limitando sua atividade ou não exercendo peso sobre ela (por exemplo, usando muletas)
- Ice: aplicar gelo na área lesionada, por meio de uma bolsa envolta em uma toalha
- Compress: comprimir (enrolar) a área com uma bandagem elástica para limitar o inchaço
- Elevate: elevar a parte do corpo lesionada até a altura do coração ou mais, para reduzir o inchaço
Quanto tempo leva para curar uma entorse
O procedimento inicial recomendado pelo ortopedista e traumatologista (de preferência especializado na área do corpo em que ocorrer a entorse) é o repouso – que pode variar dependendo da gravidade da lesão – com aplicações de compressas de gelo, elevação do membro afetado e proteção articular com imobilizador ou tala gessada.
Para a dor e os desconfortos, o uso de analgésicos (como paracetamol e dipirona) e anti-inflamatórios (como ibuprofeno e nimesulida) e a fisioterapia também podem auxiliar já no período inicial do tratamento.
O tempo de recuperação de uma entorse varia dependendo da gravidade da lesão. Por exemplo, uma torção leve, de grau 1, leva de algumas semanas a cerca de um mês para se recuperar completamente, com repouso, aplicação de gelo e fisioterapia de reforço.
Uma entorse de grau 2 tem um período de 4 a 6 semanas para cicatrizar totalmente, realizando um programa de fisioterapia mais extenso para restaurar a funcionalidade total da articulação e prevenir recorrências.
Já uma lesão grave (grau 3) precisa de 8 a 12 semanas ou até mais de 3 meses para curar, especialmente se houver ruptura completa de ligamentos. Em alguns casos, pode ser necessária cirurgia para reparação.
O tempo de recuperação também dependerá da extensão da reabilitação e do acompanhamento com fisioterapia.
É importante lembrar que o tratamento deve ser feito de forma individualizada, e o paciente precisa seguir as orientações do especialista para que os resultados sejam alcançados no tempo e nas condições apropriadas.
Prevenção
Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), embora as entorses sejam difíceis de prever em razão da prática esportiva e até da indisponibilidade de avaliação prévia de terreno acidentado, as pessoas podem utilizar imobilizadores semirrígidos para reduzir os riscos da incidência da entorse.
Treinos de equilíbrio e propriocepção específicos (exercícios que visam melhorar nosso mecanismo natural de proteção contra entorse) também são importantes na prevenção. Nos demais casos, ficar atento ao terreno ou a altura/distância dos degraus de uma escada, por exemplo, podem ajudar a evitar a ocorrência de traumas em acidentes.
Para a prática de exercícios físicos, existem ainda algumas medidas preventivas específicas:
- Fazer alongamentos e não pular o aquecimento (uma das melhores táticas para evitar lesões esportivas, pois movimentar o corpo antes da atividade deixa os tecidos com flexibilidade maior, melhorando a forma como os movimentos serão executados)
- Beber água periodicamente durante a partida ou treino, pois é a hidratação que ajuda a prevenir cãibras e lesões musculares
- Usar calçados, materiais esportivos e equipamentos adequados (joelheiras, capacetes, cotoveleiras, travas, caneleiras, protetor bucal e nasal)
- Fortalecer os músculos do corpo (caso pratique um esporte que trabalha muito uma área específica do corpo, invista também em treinos que utilizem outras regiões quando você estiver de férias ou com tempo livre, para que você evite o risco de lesões esportivas decorrentes do excesso de uso de determinada região)
- Evitar terrenos irregulares e aprender técnicas corretas de aterrissagem em atividades de salto
- Progredir gradualmente na intensidade dos exercícios, fazendo um treino físico indicado e acompanhado por um profissional
REFERÊNCIAS:
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Entorse de tornozelo
Manual MSD – Entorses do tornozelo
Escrito por Vale Saúde
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