O que são pensamentos intrusivos? Tipos, sintomas e causas

Aquelas ideias que surgem de repente e de forma indesejada, os chamados pensamentos intrusivos são comuns para muitas pessoas. Apesar de muitas vezes amorais, ilegais ou desprezíveis, gerando angústia, eles, sozinhos, não se caracterizam como um problema de saúde mental.

Esses pensamentos são completamente normais e qualquer pessoa está suscetível a tê-los em algum momento, pois o cérebro, bombardeado por informações de todos os lados, está sujeito a produzi-los, mesmo sendo inúteis.

Ainda é importante ter em mente que essas ideias indesejáveis não refletem desejos íntimos. Não é necessário se preocupar, se você não der atenção a esses pensamentos, eles se dissipam naturalmente.

A maioria dos indivíduos os experimenta ocasionalmente, sem que isso afete negativamente suas vidas. Porém, quando esses pensamentos se tornam frequentes, intensos e interferem na vida cotidiana, podem estar relacionados a transtornos como ansiedade, obsessão-compulsão ou estresse pós-traumático (TEPT).

Os sintomas intrusivos (quando o evento invade os pensamentos de maneira repetida e incontrolável) são um dos principais sinais do TEPT. Nesses casos, buscar ajuda profissional é fundamental para obter um diagnóstico preciso e o tratamento adequado.

Neste conteúdo, vamos apresentar os tipos de pensamento intrusivo, suas possíveis causas e formas para lidar com eles. Lembrando sempre que as informações trazidas aqui não substituem uma consulta com um especialista, e qualquer dúvida ou suspeitas de sintomas mais graves devem ser discutidas com um profissional de saúde. Continue a leitura!

Tipos de pensamentos intrusivos

Os pensamentos intrusivos ou invasivos são pensamentos involuntários violentos ou perturbadores que parecem ficar presos na mente. São capazes de ocorrer com frequência e causar uma grande angústia no indivíduo.

As pessoas que os experimentam ficam preocupadas com seu significado. Desse modo, se fixam neles e ficam envergonhadas, querendo mantê-los em segredo dos outros.

Desde que você reconheça que esses são apenas pensamentos e não deseja agir sobre eles, não serão prejudiciais.

Pensamentos intrusivos se manifestam de diversas formas, variando em conteúdo e intensidade. Confira alguns exemplos abaixo:

Pensamentos negativos

• Violência: autolesão ou agressão a outras pessoas
• Blasfêmia: frases ou imagens ofensivas relacionadas à religião ou crenças pessoais, mesmo que a pessoa não concorde com elas
• Sexuais: imagens ou fantasias sexuais inapropriadas ou indesejadas
• Dúvida e incerteza: pensamentos que questionam crenças, valores ou relacionamentos, levando à ansiedade e insegurança

Preocupações excessivas

• Saúde: medo constante de doenças, obsessão por pequenos sintomas, mesmo sem motivo
• Segurança: preocupação exagerada com a segurança própria ou de outras pessoas, imaginando catástrofes ou perigos iminentes
• Desempenho: medo de falhar em tarefas importantes, levando à procrastinação ou bloqueio mental
• Ruminação: repetição constante de pensamentos negativos ou traumáticos, mesmo que a situação já tenha passado
• Análise excessiva: análise constante de erros do passado ou de situações sociais, levando à culpa e à autodepreciação
• Dúvidas persistentes: questionamento constante de decisões tomadas, mesmo que não haja motivo para dúvidas
• Aparência: preocupação excessiva com a aparência física, levando à autocrítica constante e à busca por perfeição inatingível

Imagens intrusivas

• Flashbacks: imagens vívidas e perturbadoras de eventos traumáticos que surgem de forma espontânea e involuntária
• Fantasias indesejadas: imagens sexuais inapropriadas ou indesejadas que surgem durante atividades cotidianas, podendo causar constrangimento e culpa
• Cenas desagradáveis: imagens de situações nojentas, violentas ou perturbadoras que surgem sem motivo aparente

O que causa um pensamento intrusivo?

Não há uma explicação específica para o surgimento de um pensamento intrusivo, mas algumas situações do cotidiano conseguem favorecer o aparecimento dessas ideias. Conheça os principais fatores:

Psicológicos

• Estresse e ansiedade: situações de estresse elevado ou ansiedade crônica são capazes de desencadear ou intensificar pensamentos intrusivos
• Perfeccionismo e controle: pessoas com tendências perfeccionistas ou que sentem necessidade de controle são mais propensas a pensamentos intrusivos, especialmente se eles desafiarem seus padrões ou valores
• Histórico de trauma: experiências traumáticas aumentam a vulnerabilidade a pensamentos intrusivos, especialmente se o trauma não foi adequadamente processado ou tratado

Ambientais

• Eventos estressantes: eventos de vida estressantes ou mudanças significativas, como a perda de um familiar, divórcio ou problemas financeiros
• Ambientes de alta pressão: trabalhos ou situações acadêmicas com alta demanda e pressão constante aumentam a incidência de pensamentos intrusivos

Comportamentais e cognitivos

• Evitação: tentativas de suprimir ou evitar pensamentos indesejados podem surtir justamente o efeito contrário, aumentando sua frequência e intensidade
• Foco excessivo nos pensamentos: atentar-se demais a eles e atribuir-lhes grande importância é capaz de perpetuar e intensificar sua ocorrência

Relacionados a transtornos mentais

• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): pessoas com TOC frequentemente experimentam pensamentos intrusivos recorrentes que causam grande angústia
• Transtornos de ansiedade: condições como transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) envolvem pensamentos intrusivos
• Depressão: possível estar associada a pensamentos intrusivos negativos, autocríticos e de culpa

Como lidar com pensamentos intrusivos?

Para lidar de forma saudável com pensamentos intrusivos, somente reconheça quando o pensamento ocorre e aceite que ele é apenas uma possibilidade, sem necessidade de ação. Evite gastar energia tentando bloqueá-lo e reprimi-lo, pois trata-se só de uma ideia que não pode fazer mal a ninguém.

Também é importante ocupar a mente com hábitos saudáveis e que fazem bem para o cérebro, como atividades físicas, de lazer, técnicas de relaxamento como mindfulness e meditação, fazer carinho em animais de estimação e praticar o autoconhecimento. Essas técnicas ajudam no manejo do estresse, da ansiedade, da depressão e da insônia.

Realizar uma boa higiene do sono também é fundamental para a manutenção da saúde mental.

Se os pensamentos intrusivos forem frequentes e atrapalharem o dia a dia, é importante consultar um profissional de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras, em busca do diagnóstico de algum transtorno associado e do tratamento possível. A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), por exemplo, consegue auxiliar no comportamento obsessivo-compulsivo.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Manual MSD – Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)

Departamento de Psiquiatria USP – Pensamentos intrusivos: saiba o que são e como identificá-los