Saúde e Bem-estar
Quando é recomendado optar pela cirurgia de extração das amígdalas?
15 de janeiro de 2023
Quais os critérios para a retirada, que só deve ser feita em casos específicos, após recomendação médica
Até o final do século XX, a cirurgia de remoção de amígdalas (termo técnico amigdalectomia) era muito comum. A possibilidade da retirada era cogitada frequentemente para crianças e adolescentes que sofriam de amigdalite de repetição (inflamações e infecções frequentes na garganta), com sintomas severos.
Na década de 1970, os Estados Unidos registravam cerca de 1 milhão de cirurgias desse tipo por ano. No Brasil, milhares desses procedimentos são realizados pelo SUS anualmente (acompanhados ou não da retirada das adenoides, popularmente chamadas de “carne esponjosa”). Ao contrário de antigamente, hoje o procedimento só é recomendado em casos específicos.
Por mais comum que seja, a extração das amígdalas deve seguir algumas indicações, sendo as principais delas: quadros de amigdalite de repetição, hipertrofia das amígdalas com apneia obstrutiva (condição em que o paciente apresenta pausas na respiração) e amigdalite crônica caseosa (com cáseos, pequenas bolinhas brancas que podem surgir na garganta devido ao acúmulo de restos de alimentos, saliva e células da boca).
A indicação médica para a remoção das amígdalas deve vir de um otorrinolaringologista, profissional especialista em ouvido, nariz e garganta, e capacitado para a realização da amigdalectomia, cirurgia para tirar as amígdalas.
O que são amígdalas e qual sua função?
Mesmo que fosse comum realizar a cirurgia para extraí-las, as amígdalas não são inúteis. Localizadas no fundo da boca, próximas à garganta, elas são duas massas de tecido linfoide que fazem parte do nosso sistema de defesa.
Principalmente na infância, elas têm a função de proteger a região de vírus e bactérias quando em contato com as vias respiratórias do paciente. Ao entrarem em contato com vírus e bactérias durante a respiração, as amígdalas emitem um alerta para o organismo produzir anticorpos e combater os agentes invasores.
Conhecidas tecnicamente como tonsilas palatinas, as amígdalas são capazes de produzir todos os tipos de anticorpos, além de outras células de defesa. É por esse motivo que as amígdalas são consideradas órgãos imunológicos.
Apesar dessa missão, tirar as amígdalas não interfere significativamente no sistema imunológico, nem traz malefícios à saúde. A cirurgia pode ser feita junto com a remoção das adenoides, que exercem funções parecidas e estão localizadas em região próxima. De modo geral, a cirurgia não costuma ser indicada para bebês e crianças pequenas, pois nessa fase o sistema imunológico ainda está em formação. Cabe ao médico avaliar a necessidade da cirurgia, de acordo com as indicações.
Quando a retirada das amígdalas é indicada?
De acordo com o guia da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, não há evidências de que as amígdalas e adenoides sejam importantes após os 3 anos de idade. Dessa forma, a maioria dos especialistas indica o procedimento a partir dos 4 anos.
Tal função protetora imunológica faz com que as amígdalas desencadeiem processos inflamatórios e infecciosos denominados de amigdalite, que tem como sintomas dor ao engolir saliva, líquidos e alimentos, podendo ou não ter febre e secreção purulenta nas amígdalas.
Os quadros de amigdalites podem ser virais ou bacterianos. Quando virais, são considerados autolimitados, ou seja, apresentam um curso bem determinado, com resolução espontânea após aproximadamente 7 dias.
Porém, quando a amigdalite tem causa bacteriana, o tratamento medicamentoso com antibiótico apropriado é essencial para sua resolução, devendo sempre ser pautado por um otorrinolaringologista. Em casos mais graves, como a amigdalite bacteriana de repetição, pode ser necessária a remoção das amígdalas.
Para a retirada, a criança ou o adulto deve apresentar infecções bacterianas recorrentes, sendo necessário o uso de múltiplos antibióticos ao longo do ano. A indicação médica da cirurgia, nestes casos, segue o seguinte protocolo:
- O paciente foi diagnosticado com o quadro de amigdalite bacteriana por sete vezes no período de 12 meses
- O diagnóstico de amigdalite bacteriana ocorreu cinco vezes por ano, em um período de 24 meses consecutivos
- Ou por três vezes ao ano, no período de três anos consecutivos.
O procedimento pode ser considerado também para casos em que há suspeita de nódulos ou tumores e para pacientes que tenham histórico familiar de febre reumática, como prevenção, ou então glomerulonefrite (inflamação do glomérulo, nos rins).
Outros fatores que colaboram para a decisão
Além das inflamações, as amígdalas podem apresentar crescimento anormal, denominado de hipertrofia, sendo que esse aumento pode resultar em dificuldade em respirar, falar e engolir alimentos e no desenvolvimento da apneia do sono (quando o paciente para de respirar por alguns segundos durante o sono), sendo a extração das amígdalas o tratamento mais adequado para a melhora do quadro.
Para isso, o paciente deve consultar um otorrinolaringologista e, após constatada a necessidade da retirada das amígdalas, o adulto ou a criança será submetido a exames para avaliar a possibilidade de realizar a cirurgia.
Em adultos, uma situação que pode resultar na indicação da extração é a amigdalite crônica caseosa, que causa mau hálito, decorrente do acúmulo de alimentos decompostos nas amígdalas. No entanto, esses casos são considerados recomendações relativas, pois não implicam na saúde do paciente, mas apenas em um desconforto.
A remoção das amígdalas pode ser indicada ainda a pacientes que apresentam abscesso periamigdaliano. A condição se origina quando um quadro de amigdalite evolui para a formação de secreção purulenta (pus) na região próxima às amígdalas.
O que acontece após a remoção?
A retirada das amígdalas é um procedimento cirúrgico que ocorre sob anestesia geral e costuma durar de 30 a 60 minutos. A amigdalectomia pode ser feita em conjunto com a remoção das adenoides, dependendo do quadro clínico.
De maneira geral, a retirada das tonsilas palatinas não tem efeitos significativos no sistema imunológico, pois as defesas do organismo são reforçadas por outros órgãos. Porém, estudos afirmam que a cirurgia aumenta o risco de infecções respiratórias e causa outras consequências de longo prazo.
Médico e paciente devem avaliar bem os riscos, as vantagens e as desvantagens de uma cirurgia, que como todo procedimento invasivo pode ter complicações e demanda cuidados e atenção. Vale ainda consultar opiniões de especialistas diferentes.
Escrito por Vale Saúde
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