Saúde Mental
Quando o isolamento social se torna um sintoma?
28 de março de 2024
O isolamento é um comportamento complexo e repleto de significados.
Revisado por
Karine Bonfim Pereira (CRP 06/149013)
O que é isolamento social?
O isolamento social transcende a simples ausência de contato físico, afetando profundamente o psicológico humano, influenciando a saúde mental e a qualidade das interações sociais. Quatro anos depois do início da pandemia de Covid-19, muitos ainda carregam as marcas deixadas devido aos infelizes eventos que se sucederam. Contudo, esse fenômeno é mais antigo, complexo e repleto de significados que ultrapassam esses episódios.
Isolamento social é o afastamento voluntário ou involuntário do convívio com outros indivíduos ou com a sociedade. As razões para tal comportamento vão desde pessoais, espirituais, de saúde mental até decorrentes de circunstâncias externas, como epidemias, pandemias, guerras ou desastres naturais.
Antes da Covid-19, o isolamento era frequentemente vinculado a escolhas pessoais ou a condições de saúde como depressão ou ansiedade, sendo uma questão mais individual. Com a pandemia, no entanto, adquiriu uma nova dimensão, tornando-se uma experiência coletiva imposta globalmente para conter a disseminação do novo coronavírus.
Agora, depois desses anos, estamos entendendo mais sobre como o convívio com outras pessoas é essencial para a existência humana, pois é por meio das interações sociais que compartilhamos experiências, aprendemos, crescemos e nos desenvolvemos.
Neste artigo, vamos explorar o isolamento como um sintoma e sua relação com o bem-estar psicológico, quais são as suas consequências e estratégias para estimular o convívio social. Continue lendo!
Quais são os tipos de isolamento social?
O isolamento social é classificado como voluntário ou involuntário, cada um suas causas e consequências.
Normalmente, o isolamento voluntário é motivado por:
- Questões pessoais: quando o indivíduo escolhe se afastar do convívio social para focar em objetivos pessoais, como trabalho ou estudo
- Saúde mental: pacientes se isolam para lidar com transtornos psicológicos
- Espiritual e/ou religioso: algumas práticas espirituais ou religiosas exigem períodos de reclusão ou retiro
Já o isolamento involuntário pode ser motivado por:
- Quarentena: isolamento de pessoas infectadas ou com suspeita, durante uma epidemia ou pandemia
- Lockdown: restrição de movimento de pessoas imposta pelo governo para controlar a disseminação de doenças em casos muito graves
- Guerras: situações de conflito armado que forçam as pessoas a se isolarem para sua segurança
- Violência urbana: altos índices de violência que levam a toques de recolher ou outras formas de isolamento social forçado
O impacto do isolamento na vida das pessoas varia significativamente dependendo do contexto e da duração.
Isolamento como sinal de que algo está acontecendo
O isolamento social se torna sinal de alguma condição de saúde mais séria quando está associado a mudanças comportamentais ou emocionais significativas. Por exemplo, se uma pessoa começa a se isolar após um período de estresse ou trauma, ou se o isolamento é acompanhado por sentimentos de tristeza, ansiedade ou desesperança.
Alguns sinais de que uma pessoa está se isolando são:
- Diminuição da frequência em locais que antes considerava agradáveis
- Perda de contato com amigos e colegas
- Comportamento reservado, evitando novas interações sociais
- Mudanças no comportamento como falar menos ou evitar contato visual
- Preferência por ficar em casa, recusando convites para eventos sociais
- Expressão de pensamentos negativos sobre si mesmo ou sobre a vida em geral
Esses sinais podem ser indicativos de timidez, ansiedade, depressão ou fobia social.
Além disso, pode ser agravado por uma série de fatores, incluindo:
- Doenças psiquiátricas graves, como esquizofrenia e transtornos de personalidade
- Doenças crônicas, que limitam a capacidade de uma pessoa de se engajar socialmente
- Mobilidade reduzida, como dificuldades físicas para se mover ou sair de casa
- Condições como surdez ou outras deficiências sensoriais
- Dependência química
- Cuidado de familiares ou amigos doentes
É importante estar atento a esses sinais. O reconhecimento precoce e a intervenção ajudam a prevenir o agravamento do isolamento e suas consequências para a saúde mental e física.
Qual o impacto do isolamento social?
O isolamento social, por si só, não é bom nem ruim e seu impacto varia conforme sua gestão. Trata-se de uma experiência humana complexa, que contêm benefícios e malefícios.
Quando o isolamento é uma escolha intencional para o aprimoramento pessoal, pode ser benéfico, pois:
- É uma oportunidade para reflexão e autoconhecimento, permitindo que as pessoas se reconectem consigo mesmas
- Há mais tempo para foco e produtividade. Sem distrações, é possível se concentrar em projetos, pessoais e profissionais
- É um período de descanso e recuperação, especialmente após estresse social
- Em contextos de saúde pública, como a pandemia, se torna crucial para proteger a população, minimizando a propagação de doenças contagiosas
Por outro lado, pode ser prejudicial se resultar em solidão e desconexão, especialmente se for involuntário ou prolongado, levando a:
- Depressão, ansiedade, psicoses, paranoia e, em casos extremos, suicídio
- Aumento de peso, diminuição da prática de atividades físicas e maior estresse
- Aumento do risco de doenças crônicas
- Dificuldades em manter ou desenvolver habilidades sociais, afetando a capacidade de interagir com os outros
- Efeitos no desenvolvimento da linguagem e aprendizagem em crianças, especialmente em idade pré-escolar
É vital reconhecer os sinais de quando o isolamento está sendo benéfico ou prejudicial ao bem-estar, para que, assim, medidas que promovam um equilíbrio saudável e uma vida plena sejam tomadas.
Qual a diferença entre isolamento social e distanciamento social?
Embora isolamento social e distanciamento social tenham sido amplamente discutidos durante a pandemia, eles apresentam algumas diferenças. Conheça:
- O isolamento social, do ponto de vista psicológico, indica o afastamento de um indivíduo das interações sociais, podendo ou não ser um sinal de algum problema de saúde mental. Como estratégia de saúde pública, consiste em separar e restringir o movimento de pessoas infectadas com um vírus transmissível, com o objetivo de evitar a propagação da doença.
- Já o distanciamento social refere-se à prática de manter uma distância física entre as pessoas, para reduzir a disseminação de doenças, como evitar aglomerações. Embora seja uma medida preventiva, também provoca impactos na saúde mental, como o estresse.
Isolamento social na terceira idade
Pessoas idosas são as que mais sofrem com o isolamento social, já que devido a uma variedade de razões, ficam limitadas ou afastadas das interações sociais e atividades comunitárias.
Estudos indicam que o isolamento aumenta o risco de morte em 14% em idades mais avançadas, devido a respostas inflamatórias e diminuição na produção de leucócitos, essenciais para defender o organismo de doenças e infecções. Além disso, a solidão e o isolamento social aumentam o risco de doenças cardíacas em 29% e de acidentes vasculares em até 32%.
As causas do isolamento social de pessoas idosas se dão por diversos fatores, sendo eles:
- A morte de amigos, cônjuges e familiares, que reduz a rede de apoio social do idoso
- Condições crônicas ou limitações de mobilidade
- Morar sozinho, ter problemas familiares, até mesmo ter sido abandonado
- Dificuldades auditivas ou de fala
- O etarismo, que faz com que se sintam desvalorizados e menos propensos a buscar interação social
O isolamento está associado a vários riscos para a saúde física e mental do idoso, como:
- Aumento da pressão arterial e níveis de colesterol
- Doenças cardíacas
- Declínio cognitivo, como Alzheimer, demência, doença de Parkinson e outros
- Aumento da depressão, ansiedade e outras condições psicológicas
Abordar essas causas promove um envelhecimento saudável e evita as consequências negativas do isolamento.
Qual a importância do convívio social?
O convívio social é primordial para o bem-estar e a qualidade de vida em todas as idades. Ele exerce um papel fundamental no desenvolvimento e preservação da saúde mental e emocional, atuando como um escudo contra distúrbios psicológicos e promovendo a empatia, a compreensão e a tolerância. As interações sociais também estimulam a mente e contribuem para a manutenção de habilidades cognitivas como o raciocínio, a atenção e a memorização.
Para crianças e adolescentes, o contato social é imprescindível para o aprimoramento de competências sociais e afetivas, sendo também um pilar para o aprendizado e evolução pessoal. Nos adultos, proporciona apoio emocional, amplia as possibilidades profissionais e oferece uma rede de apoio em momentos críticos. Já na terceira idade, é importante, pois preserva a saúde mental e emocional, minimizando os riscos de solidão, abandono e transtornos mentais.
Dicas para combater o isolamento social
Confira algumas estratégias que ajudam a combater o isolamento e são benéficas para a sua saúde geral:
- Mantenha contato com amigos e familiares, mesmo que virtualmente, por meio de chamadas telefônicas, mensagens e videochamadas
- Estabeleça e mantenha uma rotina diária, dando assim estrutura e normalidade ao seu dia a dia
- Pratique atividades físicas
- Dedique tempo a atividades de lazer e interesses pessoais
- Engaje-se em atividades de voluntariado, presencial ou virtualmente, para se manter conectado a sua comunidade
- Participe de grupos de apoio para compartilhar suas experiências e receber suporte
- Pratique o autocuidado, incluindo uma alimentação saudável, sono adequado e técnicas de gerenciamento de estresse
- Busque ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra, a qualquer momento ou quando sentir que o isolamento está impactando negativamente a sua vida
Essas estratégias ajudam a reduzir os sentimentos de solidão e melhorar a qualidade de vida não somente durante períodos de isolamento. É importante encontrar o equilíbrio certo entre o tempo sozinho e as interações sociais para manter um estilo de vida saudável e satisfatório.
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Karine Bonfim Pereira (CRP 06/149013)
Psicóloga graduada pela PUC-SP, pós-graduada em Psicanálise Clínica pela UniAmerica e em Atendimento Psicanalítico de Casal e Família pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atua como Psicóloga Supervisora do time de Gestão em Saúde Mental na Conexa.
Escrito por Vale Saúde
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