Saúde Mental
Sinais que indicam a Síndrome do Esgotamento Profissional
04 de janeiro de 2024
Também chamada de Burnout, condição de estresse extremo decorre de sobrecarga no trabalho.
O que é Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional?
Desde janeiro de 2022, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional foi incluída na revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS) e ganhou status de fenômeno ocupacional grave e de dimensões internacionais.
Esse estado de estresse extremo e crônico geralmente é provocado por situações desgastantes de sobrecarga ou excesso de trabalho. Burnout é uma palavra inglesa utilizada para se referir a algo que queimou até o fim e deixou de funcionar por exaustão.
Segundo um levantamento de fevereiro de 2023 realizado pelo centro de pesquisas e debates norte-americano Future Form, em um universo de 10.243 profissionais de várias partes do mundo, 42% relataram sentir sintomas desse esgotamento conectado essencialmente ao trabalho. Esse é o maior número desde março de 2021, quando foi realizada a primeira mostra pela plataforma de recursos humanos Indeed, que indicou que entre 1,5 mil trabalhadores norte-americanos, 67% acreditavam que a síndrome aumentou durante o período de isolamento social.
A primeira descrição sobre a doença ocorreu na década de 1970, e os estudos sobre o tema vêm evoluindo. Os três pilares que caracterizam o distúrbio são exaustão emocional, despersonalização e baixo sentimento de realização.
Os sintomas podem ser parecidos com os da depressão e ansiedade. Saiba mais detalhes nos próximos tópicos!
Impactos psicológicos e físicos de Burnout no indivíduo
Quais são os principais sintomas psicológicos de quem tem a Síndrome?
- Esgotamento mental
- Despersonalização
- Sensação de incapacidade ou inferioridade
- Irritabilidade
- Insônia
- Ansiedade
- Dificuldade de concentração ou falhas de memória
- Desânimo, tristeza, angústia
- Alterações de apetite
- Perda da libido
- Procrastinação
- Falta de criatividade
Os seguintes sintomas físicos podem estar associados:
- Palpitações
- Hipertensão arterial (pressão alta)
- Enxaqueca ou dores de cabeça constantes
- Problemas gastrointestinais (vômitos e diarreias)
- Transpiração constante
- Dores musculares
- Queda da imunidade (frequência de gripes e resfriados)
- Falta de ar
- Sensação de peso no pescoço
- Alergias
- Queda de cabelo
- Exaustão física
- Tontura
- Vertigem
- Sensação de formigamento
É importante lembrar que esses sintomas variam de uma pessoa para outra, dependendo da idade, da intensidade das emoções, da maneira como cada pessoa se comporta nas dificuldades e da pressão no ambiente de trabalho. Problemas relacionados ao sono e dificuldade para dormir também são sinais de alerta.
Continue a leitura para saber detalhadamente como as emoções interferem no funcionamento do corpo e da mente e como lidar com essas alterações.
Veja 10 sinais que podem indicar a Síndrome
1.Exaustão emocional
Se você experimenta constantemente sentimentos de fadiga e a sensação de que faltam recursos emocionais, é preciso ficar atento. A exaustão acontece quando o profissional sente que não tem energia para lidar com situações estressoras e com as exigências comuns do trabalho, além da perda do entusiasmo.
2.Despersonalização
É uma característica importante de ser observada, uma vez que é categórica para diferenciar o Burnout do estresse. Também denominada cinismo, ela ocorre quando o paciente passa a agir com indiferença, a ter comportamentos de hostilidade e uma atitude negativa em relação à profissão e a colegas, chefes e clientes. A despersonalização é chamada assim devido ao distanciamento emocional com as outras pessoas.
3.Baixo sentimento de realização
Trabalhadores com Burnout tendem a apresentar menores índices de realização do que aqueles sem a síndrome. Eles se sentem frustrados, desmotivados, constantemente insatisfeitos com suas habilidades profissionais, pensam que suas aptidões são inferiores àquelas necessárias, que não têm a devida competência. Tudo no trabalho se torna motivo de insatisfação e desprazer.
4.Ansiedade
A ansiedade prolongada ou em níveis mais intensos é capaz de resultar em um sofrimento psicológico que afeta o funcionamento diário de um indivíduo, gerando sintomas tanto cognitivos quanto físicos como, por exemplo, insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, dores musculares, etc. Pesquisas demonstraram que 59% dos pacientes com diagnóstico de Burnout também foram diagnosticados com transtorno de ansiedade.
5.Isolamento
Burnout é multifatorial, decorre de diferentes questões orgânicas, sociais e psicológicas envolvidas. Por essa razão, esses indivíduos tendem a apresentar também sintomas depressivos, ideias de inutilidade, fracasso, alta irritabilidade, e dificilmente irão se inserir socialmente. Manter o contato com outras pessoas, ser empático, interagir, ponderar e comunicar são funções do cérebro que ficam acometidas quando se tem Burnout. Com esse desbalanço do funcionamento cerebral normal é inevitável uma busca por maior isolamento e diminuição da interação social, já que esses eventos demandariam do cérebro uma atividade que transitoriamente para ele são mais complexas.
6.Irritabilidade
Nossa habilidade de ponderar e mediar conflitos decorre de ativações específicas no córtex pré-frontal. Ele é o grande moderador entre nossos impulsos e o ambiente externo. No Burnout, essa região apresenta redução da atividade inibitória, e outras áreas são mais ativadas, deixando o indivíduo vulnerável a responder de maneira mais impulsiva, irritável e imediatista.
7.Insônia
É um sintoma comum no quadro de Síndrome do Esgotamento Profissional. Ela surge como um efeito de todo o acometimento psicológico, físico e social. A insônia também é intensificada porque esses indivíduos tendem a se engajar em autocobranças relacionadas ao trabalho e em um estilo de vida nada saudável. A sobrecarga de trabalho, que surge como uma estratégia compensatória para o constante sentimento de fracasso, prejudica as medidas necessárias para um sono reparador. A chamada “Higiene do Sono” envolve táticas como encontrar um horário para descansar, ter hora para ir para a cama, dormir em ambiente tranquilo sem iluminação e ruído.
8.Alterações no apetite
O organismo tende a modificar em parte seu funcionamento para lidar com as adversidades, por meio da mediação de hormônios, como o cortisol. Entre essas modificações fisiológicas, pode ocorrer a redução do apetite em quadros de Burnout ou mesmo na depressão. No entanto, é importante lembrar que o contrário também pode acontecer e se iniciar uma compulsão alimentar em decorrência do predomínio da ação de outras substâncias e sistemas, como o sistema da recompensa cerebral, modulado pela dopamina.
9.Dificuldade de concentração/ esquecimento
É comum haver prejuízo de memória e falha de concentração em quadros da Síndrome de Esgotamento Profissional. Com as dificuldades de sono, cansaço e sintomas emocionais, como ansiedade, o paciente deixa de prestar atenção ao ambiente que o cerca, algo que na psiquiatria é chamado de hipotenacidade.
10.Sentimentos de derrota/incompetência
O trabalhador sente uma redução da sua eficácia profissional, o que significa que ele experimenta constantemente frustração, apresenta baixas expectativas em relação ao seu próprio desempenho e cognições relacionadas a fracasso, deixando-o constantemente descontente com o ambiente de trabalho.
Estratégias para prevenir e reduzir o estresse
Alguns hábitos saudáveis podem contribuir para o combate à síndrome:
- Organizar compromissos para evitar imprevistos estressantes
- Praticar exercícios físicos regulares
- Regular bem as horas de sono
- Priorizar momentos de lazer
- Realizar técnicas de relaxamento e meditação
- Manter uma alimentação balanceada
- Buscar alternativas profissionais em caso de estresse oriundo de trabalho
Como procurar ajuda profissional?
A prevenção está diretamente ligada à saúde mental do paciente. Por isso, sessões regulares com um psicólogo podem ser um bom começo para compreender as razões do estresse emocional.
A psicoterapia cognitivo-comportamental, por exemplo, consegue ajudar as pessoas a desenvolverem habilidades de enfrentamento e gerenciamento do estresse. O apoio psicológico ainda é capaz de fornecer um espaço seguro para discutir os desafios emocionais do cotidiano profissional.
Se os sintomas físicos são graves e deixam dúvidas quanto ao diagnóstico, é recomendada uma consulta com um médico psiquiatra. Lembrando que medicamentos só devem ser ingeridos sob prescrição médica.
Tratamentos alternativos também podem compor o quadro de cuidado do paciente, como a prática de yoga e meditação.
Ainda é possível ter acompanhamento com nutricionista para garantir uma alimentação saudável e equilibrada. Os profissionais de saúde podem ajudar a planejar uma dieta que atenda às necessidades nutricionais, mesmo em casos de alterações de apetite e restrições alimentares.
Escrito por Vale Saúde
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