Tipos de ciúmes: saiba quando o sentimento deixa de ser normal

O que é ciúme?

Pense no seguinte exemplo: você está em um relacionamento amoroso e, um certo dia, vê seu parceiro conversando com outra pessoa, que você considera atraente. É apenas uma conversa inocente, pode ser uma troca de informações, mas você sente um incômodo, um certo ciúme, que é um sentimento comum. Mas você sabia que existem tipos dele e nem sempre são saudáveis?

Ansiedade, insegurança, medo, posse, raiva e   são algumas das sensações que acompanham e compõem o ciúme. E, claro, esse sentimento não se restringe a relações amorosas, já que também está presente em amizades, em elos familiares e até no ambiente de trabalho.

No geral, o ciúme, embora seja uma emoção complexa, consegue ser saudável, desde que fique limitado a um leve receio de se distanciar de pessoas queridas. Para controlá-lo, é recomendado ser aberto sobre os próprios sentimentos e manter um canal de comunicação sincero.

No entanto, entre os tipos de ciúmes, existem alguns extremamente problemáticos, capazes de causar diversos tipos de complicação. Neste artigo, falaremos mais sobre os diferentes ciúmes e as suas consequências. Confira!

Freud explica? Entenda por que sentimos ciúmes

Há anos, a Psicanálise estuda o que é o ciúme. E Sigmund Freud, considerado o Pai da Psicanálise, não poderia ficar de fora dessas análises.

Para Freud, o ciúme é uma emoção que está profundamente ligada ao inconsciente. Segundo ele, trata-se de um fenômeno natural, mas que também é observado como um sinal de desejos e inseguranças ocultas.

O autor entende, ainda, que o ciúme tem ligações com experiências da infância , como rivalidade entre irmãos ou a busca pela atenção e amor dos pais.

No geral, a Psicologia também é capaz de relacionar o ciúme com relações anteriores do indivíduo, principalmente se os episódios passados tiverem sido traumáticos, com traições, questões abusivas, manipulação e conflitos amorosos.

Relacionamentos que abalaram negativamente o psicológico colaboram com a insegurança, que está totalmente ligada ao sentimento de ciúmes. Além disso, fatores sociais, como a monogamia e a necessidade de exclusividade emocional e sexual, induzem ao sentimento de posse, também relacionado ao ciúme.

Quais são os tipos de ciúmes?

Como falamos mais acima, o ciúme é um sentimento normal, considerado até saudável, de certa forma.

No entanto, já foram identificados vários tipos de ciúmes, sendo que alguns são problemáticos.

Sigmund Freud, por exemplo, identificou três tipos principais de ciúmes:

Ciúme normal

Surge a partir da ameaça real ou imaginária de perder alguém amado. Está ligado à dor do ego (sentimento de desvalorização) e ao medo da rejeição

Ciúme projetado

Acontece quando alguém projeta seus próprios desejos inconscientes em outra pessoa. Por exemplo, se um indivíduo é infiel dentro do relacionamento, pode acabar acusando seu parceiro de traição

Ciúme delirante

Esse é o tipo mais extremo e, muitas vezes, tem conexão com distúrbios psíquicos, como a paranoia. Em alguns casos, está relacionado ao desejo reprimido de trair e à homossexualidade inconsciente. Por exemplo, um homem sente ciúmes e pensa que sua mulher quer traí-lo com o vizinho, quando, na verdade, é ele quem tem esse desejo

Além desses três tipos de ciúmes analisados por Freud, existem outras classificações baseadas em diferentes abordagens psicológicas. Elas conseguem se manifestar de diferentes formas e intensidades, variando de uma emoção comum a um problema mais grave:

Ciúme possessivo

Surge quando a pessoa acredita que “possui” o outro e tenta controlar suas ações, amizades e até pensamentos. Quem sente esse tipo de ciúme costuma demonstrar comportamentos como:

• Excesso de controle sobre o parceiro
• Tentativa de limitar a liberdade do outro
• Desconfiança constante, mesmo sem motivos
• Necessidade de estar sempre presente ou ser prioridade na vida do parceiro

Ciúme patológico

Trata-se de uma forma extrema e irracional de ciúme. Nesse caso, a pessoa passa a sentir um medo obsessivo e nada saudável de ser traída ou trocada, mesmo quando não há evidências disso.

Esse tipo de ciúme pode estar relacionado a transtornos psicológicos, como o transtorno paranoide ou o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), e costuma apresentar as seguintes características:

• Pensamentos obsessivos sobre traição
• Vigilância extrema (checar celular, redes sociais ou até mesmo seguir o parceiro na rua)
• Comportamento agressivo ou impulsivo
• Necessidade de constante validação e provas de amor

Ciúme obsessivo

Embora seja parecido com o ciúme patológico, pois também é caracterizado pela fixação no parceiro e na possibilidade de traição, o ciúme obsessivo não é tão intenso, nem tão extremo.

Os principais sinais incluem:

• Pensamentos repetitivos sobre infidelidade
• Necessidade de saber o que o parceiro está fazendo o tempo todo (pedindo a localização da pessoa e fotos que comprovem onde o outro está)
• Sensação constante de ameaça, mesmo sem motivo
• Ansiedade extrema quando o parceiro está longe

Ciúme exagerado

Acontece quando a insegurança ou medo da perda saem do controle. Embora a pessoa possa até reconhecer que está sendo irracional, ela não consegue evitar suas reações, que incluem:

• Fazer acusações sem provas
• Ter crises de insegurança e sentir raiva frequentemente
• Exigir provas constantes de amor
• Ter baixa autoestima e se comparar com os outros

Ciúme feminino

Geralmente está conectado a fatores emocionais, como insegurança, intuição ou medo da traição. O ciúme não tem gênero, mas por uma questão cultural, as mulheres tendem a expressá-lo de forma mais emocional e verbal.

Os principais motivos que levam às demonstrações de ciúme entre as mulheres são:

• Sensação de que o parceiro está distante emocionalmente
• Medo de ser traída com base em experiências anteriores
• Comparação frequente com outras mulheres
• Falta de atenção ou validação emocional por parte do parceiro

Ciúme masculino

Diferente das mulheres, o ciúme dos homens costuma ser demonstrado por meio de atitudes, que podem ser extremas.

Geralmente, o ciúme masculino tem relação com questões como ego, posse ou medo de perder a outra pessoa, além de influências sociais, como a ideia de “honra” e “masculinidade”, que são capazes de deixar o sentimento mais tóxico. Alguns traços comuns incluem:

• Necessidade de proteger ou “defender” o relacionamento
• Medo da traição, especialmente se houver competição com outros homens
• Comportamentos controladores, como restringir amizades
• Maior dificuldade em demonstrar insegurança emocional

Quando o ciúme deixa de ser normal? As consequências do sentimento tóxico

O ciúme deixa de ser normal quando há demonstrações tóxicas que acompanham a emoção, como:

• Controle excessivo
• Desconfiança constante
• Necessidade de provas de amor e atenção
• Isolar o parceiro de amigos e familiares
• Explosões emocionais, incluindo crises de raiva, choro, ansiedade ou até agressões verbais e físicas

Lidar com o ciúme não é fácil nem para o ciumento, nem para o parceiro. Para ambos, há consequências que vão desde baixa autoestima, desgaste emocional até problemas psicológicos (como ansiedade e depressão).

Não é difícil também que o ciúme tóxico evolua para questões mais sérias, como um relacionamento abusivo, em que o indivíduo passa a ter controle do parceiro por meio de ciclos de manipulação e violência física e emocional.

Como controlar o ciúme anormal?

Ao notar que o ciúme está se tornando irracional e prejudicial, é importante tomar algumas providências o quanto antes:

• Defina limites saudáveis com o parceiro: tenha em mente que um relacionamento deve funcionar com base no respeito e na liberdade de ambos
• Rompa o ciclo de desconfiança: pare de vigiar as redes e o celular do parceiro, pois isso só aumenta a ansiedade
• Trabalhe a comunicação aberta: converse de maneira mútua com o parceiro sobre inseguranças e medos, a fim de criar um laço de confiança
• Desenvolva a sua autoestima: evolua o autoconhecimento para evitar sentimentos de medo e desconfiança sem motivo
• Busque ajuda profissional: se o ciúme está fora de controle, a psicoterapia pode ajudar a entender o que está causando a emoção intensa e como aprender a lidar com ela. Encontre agora um psicólogo perto de você!